[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 11 de Fevereiro de 1953, p. 4]
Conseguiremos ter na Beira um grupo de amadores de cinema constituindo um núcleo organizado?
Entre nós, não são raras as organizações quer de carácter cultural, quer de carácter filantrópico, a que indivíduos, de vontade firme, têm lançado ombros. Alguns destes esforços têm vingado, outros, porém, vimo-los perecer quando o êxito deixava aperceber-se. Não obstante essas manifestações de sorte contrária, os empreendimentos não param, cada vez animados de uma fé mais forte cada vez mais convincente que vencerão.
E assim, prosseguindo nesse tema de fazer algo de proveitoso, que um grupo de indivíduos da Beira iniciou os trabalhos para a fundação entre nós de um «Grupo de Amadores de Cinema».
Logo que fomos informados de que ideia tão merecedora de encómios começava a ser efectivada, resolvemos saber pormenores que nos elucidassem sobre tal empreendimento.
Conforme nos informaram, este grupo teria uma finalidade um pouco mais larga do que a normalmente atribuída aos «Cine-Clubes» e «Films Societies» (a de mostrar aos seus associados, com sentido crítico e histórico, aqueles filmes que merecem ser vistos e revistos), pois procuraria facilitar aos seus associados a aquisição de conhecimentos técnicos sobre a «sétima arte» de que um dia – e esta é a nossa opinião – poderiam vir a ser técnicos, embora amadores. Outro fim deste núcleo é organizar um biblioteca composta por livros e revistas da especialidade, o que no nosso meio ainda não existe.
Outro pormenor, e da maior importância, é que este núcleo promoveria sessões cinematográficas versando assuntos científicos, artísticos e outros, para cuja realização prevê o aluguer de filmes de 16 mm sobre as mais variadas actividades humanas.
Naturalmente que, existindo um «Grupo» desta natureza, seria iniciado um intercâmbio interessante e de alto valor educativo com as restantes províncias ultramarinas, Metrópole e até com o estrangeiro, onde as associações desta natureza são numerosas.
Sabemos ainda que, espalhada a ideia entre um grupo de amigos, esta se difundiu de maneira a serem já em grande número os adeptos que manifestam um interesse que não pode deixar de ser aproveitado.
Os fins, que o núcleo em questão tem em vista são por demais eloquentes para que haja necessidade de os realçar. Apenas podemos afirmar que a ideia é digna de louvor e que aqueles que estão empenhados na sua efectivação não se devem, de modo algum, poupar a esforços para a ver transformada em realidade, pois que, pelos resultados que pode vir a ter, merece todos os sacrifícios.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 16 de Fevereiro de 1953, p. 5]
Firma-se o «Grupo de Amadores de Cinema» da Beira
No nosso número do dia 11 do corrente, fizemos referência desenvolvidamente a um «Grupo de Amadores de Cinema» que se encontra em organização entre nós deixando-nos aperceber já largas possibilidades de êxito com que muito se beneficiará no campo cultural.
Consoante fomos informados, sabemos que as diligências necessárias para a efectivação do empreendimento em questão têm vindo a ser feitas com pleno êxito.
Na passada sexta-feira, aproveitando uma das salas do Grupo Eduardo Brazão, amavelmente cedida pela sua direcção, foi feita uma experiência com alguns documentários de curta metragem de 8 e 16 milímetros, documentários esses filmados essencialmente por membros do futuro núcleo e que em prol do mesmo empenham a sua actividade.
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É curioso notar-se que se encontrava presente para assistir a esta primeira sessão experimental todo o «núcleo» dos que trabalham em prol do «Grupo de Amadores de Cinema» da Beira, aproximadamente trinta pessoas.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 9 de Março de 1953, p. 5]
O Núcleo de Cinema da Beira levou a efeito a sua segunda sessão experimental
Conforme informámos oportunamente os nossos leitores, graças à iniciativa de alguns amadores de cinema desta cidade, foi há algumas semanas atrás dado início aos trabalhos que dizem respeito à criação entre nós de um núcleo de arte cinematográfica de projecções notáveis.
Não deixa de modo algum de ser interessante esta oportuna iniciativa resultante de uma ideia amadurecida que cria deste modo um centro ou agremiação onde a «sétima arte» terá o seu templo condigno nesta parcela do território português no continente africano.
Temos acompanhado de perto as «démarches» em que uma comissão entusiasta e simultâneamente compenetrada se tem empenhado e, baseados em factos, podemos afirmar que brevemente este «Núcleo Cinematográfico» será uma realidade.
Em sessões experimentais têm sido passados filmes dos associados, quer de 8 quer de 16 milímetros procedendo-se deste modo, insensívelmente, a uma selecção daqueles que num próximo futuro podem alargar com êxito as suas produções na curta metragem passando quiçá para âmbitos mais elevados.
A segunda sessão experimental foi levada a efeito na passada sexta-feira, pelas 20 e 30 horas, nas salas do «Grupo Eduardo Brazão» amavelmente cedidas pelos seus dirigentes.
Foram passados três filmes, um de 8 mm e dos de 16 mm, sendo o primeiro o trabalho de M. Paraskeva e os dois restantes do engenheiro Lecanides.
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Esta sessão experimental, que é a segunda, teve uma assistência numerosa composta pelos sócios que se contam já por várias dezenas.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 25 de Maio de 1953, p. 5]
Grupo de amadores de cinema da Beira (em organização)
Tendo acompanhado desde o início, os trabalhos que têm vindo a ser levados a efeito por um núcleo de indivíduos no sentido de se constituir legalmente o «Grupo de Amadores de Cinema da Beira», noticiamos agora que se encontra concluída a elaboração dos Estatutos.
No próximo mês de Junho reunirá a Assembleia Geral para aprovação dos referidos Estatutos, que serão, seguidamente, remetidos ás estâncias superiores, para aprovação.
A fim de poder prosseguir com a sessão mensal de passagem de filmes feitos por amadores, foi já permutada correspondência com as vizinhas colónias, visto os trabalhos efectuados pelos amadores locais, filiados ser ainda em número insuficiente.
O «Grupo» em organização, que se encontrava no segundo andar do prédio Scala, mudou as suas instalações para o primeiro andar, ocupando agora um recinto mais vasto que lhe permite montar a biblioteca e o ficheiro.
Numerosos livros e revistas exclusivamente de cinema foram oferecidos uns adquiridos outros de maneira que já existem elementos de consulta para os numerosos sócios que ultrapassam já uma centena contando já alguns elementos do sexo feminino. [...]
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 10 de Setembro de 1953, p. 7 e 8]
Depoimento: Nível intelectual – Clube de Cinema, por A N. Cordeiro
Estamos tão longe dos grandes meios intelectuais artísticos que, por vezes, talvez influenciados pelo ambiente, parece chegarmos a descrer nas possibilidades de se vir a fazer alguma coisa que venha a sacudir este marasmo.
Entre nós, de notável apenas há a registar o trabalho sério que tem vindo a fazer a Delegação do Círculo de Cultura Musical, apresentando artistas da mesma elevada categoria no mundo musical, e a tentativa da Câmara Municipal com a louvável resolução de promover um ciclo de conferências, como se tem visto, e o prazer espiritual que provocam os concertos é apenas experimentado por reduzido número de auditores – auditores estes que, em bom número, ali vão apenas por snobismo e alguns, até, para dormitar, como várias vezes temos visto.
No entanto, quando alguma coisa nova surge, capaz de contribuir para a elevação do nível cultural do público, renasce em nós a esperança num desabrochar de interesse e acreditamos sinceramente na eficácia de todas as tentativas que se façam n o sentido de levar a ideia a bom termo.
Vem isto a propósito do Clube de Cinema que, entre nós, se está a organizar.
De maneira alguma duvidamos da capacidade daqueles que, corajosamente, deitaram mãos a tão difícil tarefa. Basta conhecê-los, conhecendo assim as suas ideias e nobres intenções, para que qualquer dúvida que, por acaso, existisse se desvanecesse.
Há vontade de trabalhar e persistência – e isso é meio caminho andado para triunfar.
Conseguirão demover as dificuldades de ordem moral e material que irão encontrar pelo caminho?
Conseguirão chamar a si o interesse do público?
Cremos, sinceramente, que sim. E, porque cremos, aqui estamos, prontos a colaborar.
O que é um Cine-Clube?
Transcrevemos o artigo 5º dos Estatutos da Federação Internacional dos Cine-Clubes que, melhor do que nos, o dirá:
«É considerado um Cine-Clube toda a associação com fins não lucrativos, tendo por objectivo principal a projecção de filmes em sessões privadas. Os Cine-Clubes contribuem, por todos os meios, para o desenvolvimento da cultura e da arte cinematográficas; para o desenvolvimento das trocas culturais cinematográficas entre os povos e para o encorajamento do filme experimental.»
Como se vê, têm os Cine-Clubes uma vastíssima missão a cumprir. O que se torna necessário é conduzir todos os esforços no sentido de interessar o público por eles; pelo que é indispensável levar ao seu conhecimento o que se vai fazer e os fins que se pretendem atingir.
Não será apenas exibindo e comentando filmes em sessões reservadas aos seus associados que se vai fazer a divulgação da história e da arte e da técnica cinematográfica, mas, também, promovendo uma intensa campanha na imprensa da especialidade, ou por outros meios legais ao seu alcance, que o Cine-Clube contribuirá para levar a bom termo essa divulgação. Para isso terá de chamar a si colaboradores honestos e competentes, capazes de desenvolver uma acção eficaz: apontando e ensinando ao público as fitas que merecem ser vistas e desmascarando tudo quanto de mau nos quiserem impingir».
A preparação do espectador, por meio da elevação do seu nível de cultura cinematográfica, deve ser, em princípio, um dos principais objectivos do Cine-Clube.
Diz-nos Manuel Azevedo, grande impulsionador do cine-clubismo em Portugal e delegado do nosso país ao Congresso Internacional de Cine-Clubes, realizado em Setembro de 1947, em Cannes:
«... Quanto mais preparado e qualificado for o espectador médio dos nossos cinemas melhor terá de ser a nossa produção cinematográfica, pois um espectador qualificado torna-se exigente. Passa a não aceitar passivamente qualquer banalidade e, em vez de constituir a habitual desculpa do produtor («Temos de fazer o cinema de que o público gosta»), torna-se um juiz severo e consciente inimigo dos produtores que apenas têm em consideração os lucros materiais e desprezam inteiramente a parte básica que deve informar todo o cinema: a sua acção educativa e a sua qualidade artística».
Assim deve ser, de facto. Há que reconhecer que quanto mais exigente for o público melhor categoria virão a ter as películas que se venham a realizar. E é por meio duma acção conjunta, entre o público e o artista (realizador), quando aquele for devidamente orientado por uma crítica íntegra e construtiva e este souber acompanhar a sua evolução da forma mais adequada, que chegaremos ao ponto de possuir um cinema de elevado nível técnico e artístico, sem receio da concorrência dos inimigos da Arte e do próprio Homem – daqueles que, para obterem os lucros materiais a que aspiram, mentem, falseiam e induzem em erro os espectadores menos esclarecidos.
O cine-clubismo tomou um incremento extraordinário em todos os países cultos. O conhecimento do que por seu intermédio se pode criar um cinema de vanguarda, capaz de influir na transformação da própria mentalidade do indivíduo, não passou despercebido. Por isso as camadas cultas de muitos países, aproveitando a grande expansão do cinema, procuram mostrar a Arte impecável que nele existe, tentando desenvolver no espectador a sua educação estética e um perfeito senso crítico.
Em Portugal, como não podia deixar de ser, também o conhecimento dos benefícios da acção dos Cine-Clubes chegou. Só é de louvar, de manter e de encorajar esse entusiasmo.
E porque se trata duma ideia que procura o desenvolvimento cultural da população, pois o cinema é quase uma necessidade do homem de hoje, é de esperar que, entre nós, os organizadores do Cine-Clube da Beira encontrem da parte das autoridades com quem tenham de tratar as maiores facilidades e a melhor boa compreensão.
Ânimo, pois.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 11 de Janeiro de 1956, p. 5]
Clube de Amadores de Cinema da Beira
A Comissão Organizadora do Clube de Amadores de Cinema desta cidade, promove pelas 17 horas e 30 minutos do próximo dia 16 do corrente, uma reunião que se realiza na sede da Casa do Algarve.
Nesta reunião proceder-se-á à arrumação de contas até à data da suspensão de actividade deste clube, e serão tomadas decisões sobre os destinos da agremiação.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 17 de Janeiro de 1956, p. 5]
Cine-Clube da Beira (em organização)
Conforme estava anunciado, realizou-se ontem na Casa do Algarve, a reunião de sócios do Clube dos Amadores de Cinema da Beira.
Apreciadas as contas respeitantes à actividade deste Clube, decidiu-se por unanimidade que os haveres existentes, bem como o saldo em dinheiro, passassem à nova organização que se designará por Cine-Clube da Beira. Seguidamente procedeu-se à eleição da comissão organizadora da nova agremiação, tendo esta proposto a aprovação dos associados presentes resoluções relativas à futura actividade.
Assim ficou deliberado que a quota mensal fosse de vinte escudos para os homens e dez escudos para as senhoras, ficando também assente que as finalidades imediatas do Cine-Clube se limitarão à exibição de filmes escolhidos, formação de uma biblioteca especializada, edição de um boletim e distribuição de programas escolhidos adequados às películas a exibir.
Comunicou também a comissão organizadora o entusiástico ambiente que tem encontrado de parte do público e o esplêndido acolhimento que à ideia têm dispensado as empresas exibidoras de cinemas locais.
Dentro de breves dias conta a comissão organizadora poder comunicar ao público onde ficará provisoriamente instalada a sede e as horas em que estará aberta a fim de aí se prestar todos os esclarecimentos aos interessados.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 2 de Fevereiro de 1956, p. 5]
Cine-Clube da Beira
A franca actividade em que entrou agora o Cine-Clube da Beira (em organização), permite-nos esperar que este «Clube» especial vai atingir brevemente o fim em vista embora caminhando cautelosamente no intuito de criar bases seguras.
No próximo sábado, pelas 16 horas, realiza-se no cinema Palácio gentilmente cedido pela sua gerência, uma sessão de cinema promovida pela comissão organizadora deste cine-clube. Antes de iniciada a sessão o sr. engº Victor Rodrigues Patrício proferirá algumas palavras de apresentação. Seguir-se-á a exibição do filme de André Cayatte, «Antes do Dilúvio». [...]
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 22 de Fevereiro de 1956, p. 5]
Cine-Clube da Beira (em organização)
Aviso
A Comissão Organizadora do Cine-Clube da Beira comunica que promoverá, hoje, 22, no Cinema S. Jorge, por amável deferência da Empresa deste cinema, a segunda sessão cinematográfica, com o seguinte programa:
1) Palavras de apresentação.
2) Exibição em ante-estreia do filme sueco «Vertigem» - Grande Prémio do Festival de Cannes.
Esclarece-se que nesta mesma data começa a cobrar-se as cotas, sendo facultativo o pagamento da cota de Janeiro e obrigatório para a de Fevereiro. Também se distribui um convite pessoal e intransmissível a cada sócio. Como é óbvio, só a apresentação deste convite dará ingresso à sessão, deduzindo-se que é vedado aos sócios fazer-se acompanhar de quaisquer pessoas que não estejam inscritas como associados.
Agradece a Comissão Organizadora aos sócios cuja situação seja irregular (ou por falta da entrega da proposta, ou por falta de pagamento) que procurem regularizar a sua situação, tanto mais que o volume de sócios obrigará dentro em breve à limitação de inscrições.
Os associados que ainda não receberam o convite podem adquiri-lo no S. Jorge, onde lhes será entregue.
A Comissão Organizadora.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 19 de Março de 1956, p. 5]
Cine-clube da Beira
Realizou-se anteontem à tarde, no «Palácio», mais uma sessão de cinema promovida pelo «Cine-Clube da Beira.
Nesta sessão, a que assistiram a maioria dos sócios, foi projectado o filme «Ela só dançou um verão» e o documentário «À memória de um herói – Napoleão».
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 25 de Abril de 1956, p. 5]
Cine-Clube da Beira (em organização)
O Cine-Clube da Beira acaba de distribuir aos seus associados uma circular (nº 3) do seguinte teor:
3ª Sessão cinematográfica
Realizar-se-á no cinema Rex, pelas 10 horas do próximo dia 29, a 3ª sessão cinematográfica com o filme mexicano «O Monte dos Vendavais» de Luís Bunuel.
A entrada para esta sessão far-se-á mediante a apresentação do talão da cota de Março.
Próximas sessões
Nos primeiros dias do próximo mês de Maio efectuar-se-á a 4ª sessão, com o filme «Marty», de Delbert Mann, a exibir também no Cinema Rex.
Ainda durante o mês de Maio terá lugar a 5ª Sessão, preenchida com a exibição de um filme, em exclusivo para o cine-clube.
Pagamento de cotas
Os associados que, por qualquer motivo, tenham a sua cotização em atraso e que desejem regularizá-la, podem fazê-lo na sede do Clube, das 17 às 19 horas, ou à entrada para a sessão. [...]
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 30 de Maio de 1956, p. 5]
Cine-clube da Beira
Amanhã, quinta-feira, terá lugar no cinema S. Jorge a 5ª sessão cinematográfica promovida pelo Cine-Clube da Beira. Nesta sessão, que se realizará pelas 10 horas da manhã, será exibida a película «Feriado em Paris» do realizador Duvivier, devendo os sócios apresentar à entrada o talão da cota referente ao mês de Abril.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 26 de Julho de 1956, p. 5]
O dia a dia: Cinema de Amadores
O Cine-Clube da Beira acaba de distribuir uma circular aos seus associados, falando do início da actividade da secção «Cinema de Amadores». Diz-se ainda que não se ignora as dificuldades a vencer mas que se trata de preencher uma lacuna, satisfazendo deste modo, os anseios de uma grande parte da massa associativa.
De início, a actividade daquela secção visará, muito especialmente, os seguintes pontos:
1º Aquisição de aparelhagem completa de 8 mm (máquina de filmar, projectar, etc.);
a) Destina-se esta aparelhagem a ser emprestada aos sócios.
2º Montagem de uma pequena cinemateca de filmes de 8 mm destinada ao empréstimo de filmes a sócios.
3º Obtenção de descontos especiais para os sócios, nas casas de especialidade desta cidade (para filmes, máquinas, etc.).
4º Realização de sessões periódicas, para a projecção de filmes de 8mm, produzidos pelos sócios.
5º Realização de um festival anual para premiar a melhor realização em 8mm.
6º Criar no Boletim do Clube uma secção a ser preenchida com colaboração dos sócios.
Da simples leitura destas alíneas, verifica-se o muito que se poderá realizar em prol do desenvolvimento do gosto pelo filme de carácter experimental e recreativo – finalidade de «Cinema de Amadores». Na Beira, há já alguns elementos que têm dedicado o seu tempo e o seu dinheiro a trabalhos desta natureza e estamos em crer que, dadas as facilidades que o Cine-Clube irá procurar conceder aos seus associados e até o estímulo já previsto num festival anual, o número de amadores irá, pelo menos, corresponder à boa vontade da comissão organizadora. Para esta vão as nossas felicitações por tal iniciativa.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 30 de Agosto de 1956, p. 7]
Cine-clube da Beira
Amanhã, pelas 17.30, no Cinema S. Jorge, realizará o Cine-clube da Beira a segunda sessão extraordinária, exibindo, em ante-estreia privativa para os associados, o filme italiano «Belissima», realização de Luchino Visconti, com desempenho de Anna Magnani.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 31 de Agosto de 1956, p. 5]
Cine-clube da Beira (em organização)
A sessão cinematográfica anunciada para esta tarde no Cinema S. Jorge, com o filme «Belissima», está suspensa, em virtude de, até ontem, não ter chegado o referido filme.
A Comissão Organizadora não se poupou a esforços no sentido de cumprir com o que fora anunciado e pede aos sócios a sua atenção para o noticiário do meio-dia da Emissora do Aero Clube da Beira, no qual se confirmará a realização da sessão de hoje, ou se anunciará a sua transferência para outra data, esclarecendo que esse noticiário será, nas presentes circunstâncias, o único meio eficaz de poder entrar em contacto com os associados.
Desja ainda a Comissão Organizadora manifestar a expressão do seu reconhecimento a todos os que directa, ou indirectamente lhe dispensaram facilidades.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 7 de Outubro de 1956, p. 7]
Cine Clube da Beira
O Cine Clube da Beira promove, amanhã, segunda-feira, uma nova sessão de cinema com filme francês «Um carnet de baile» de Julien Duvivier.
A sessão, que inclui uma pequena palestra pelo engº Eugénio Lisboa, terá lugar às 15.15 horas no cinema S. Jorge.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 6 de Novembro de 1956, p. 7]
Cine-clube da Beira
O Cine-clube da Beira leva efeito a sua 3ª sessão extraordinária no Cinema Nacional apresentando o filme «Casei com uma Feiticeira» de René Clair. A sessão terá início pelas 17,30 horas.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 17 de Novembro de 1956, p. 17]
A actividade do Cine-clube da Beira
Do Cine-clube da Beira recebemos a comunicação do que tenciona fazer no futuro:
Para principiar, há que dizer que já estabeleceu a programação das sessões cinematográficas a efectuar durante o ano de 1957.
Foi prevista a realização de 18 sessões ordinárias, preenchidas com filmes de formato de 35 mm, ficando em estudo a possibilidade de efectuar sessões extraordinárias com filmes de 35 mm e 16mm.
Interessa à Comissão Organizadora informar os associados de que a realização deste programa importa em despesas de cerca de uma centena de contos, pelo que espera de todos os sócios uma interessada colaboração, principalmente no aspecto do aumento da massa associativa – o que poderá traduzir um aumento de possibilidades de toda a ordem, possibilidades estas convertíveis em mais largos privilégios para os sócios.
Esclarece a Comissão Organizadora que a selecção de filmes obedeceu, antes de tudo, às facilidades ou dificuldades que as empresas distribuidoras apresentaram, cumprindo desde já anunciar que, até à data, não foi possível remover as distribuidoras dos países vizinhos de uma infundada atitude de incompreensão perante a actividade do Cine-clube da Beira. Tal atitude obriga-nos a recorrer unicamente às distribuidoras da Metrópole, o que implica a quase integral proibição de se exibir filmes de língua inglesa, contrariando, assim, um dos desejos daquela Comissão.
Não desiste a mesma Comissão Organizadora de procurar estabelecer novos contactos com firmas distribuidoras, com os consulados e embaixadas dos países representados em Moçambique – sendo muito grato, mais uma vez, registar a ajuda e compreensão do Exmo Cônsul da França -, com a Cinemateca Nacional, Federação dos Cine-Clubes Portugueses – neste caso tendo em vista a condigna representação do cinema nacional – e com os organismos congéneres de Angola. Foi, também, apresentada ao Cine-Clube de Lourenço Marques aquela programação, no sentido de estabelecer uma total colaboração, o que representará, sem dúvida, uma valiosa ajuda na consecução dos objectivos comuns.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 10 de Dezembro de 1956, p. 5]
Cine-Clube da Beira
Hoje, com início às 17.30 horas, leva a efeito o Cine-Clube da Beira a sua habitual sessão de cinema nas salas do S. Jorge.
Nesta sessão será apresentado o filme francês «La Bandera», realizado por Julien Duvivier, com desempenho de Jean Gabin, Annabella, Robert Le Vigan, Aimos, Pierre Renoir, Gaston Modor e Viviane Romane.
Antes da exibição desta película usará da palavra para fazer a sua apresentação o sr. Noronha Marques.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 30 de Janeiro de 1957, p. 7]
Um esclarecimento do Cine-Clube da Beira
Da Comissão Organizadora do Cine-Clube da Beira recebemos com o pedido de publicação o esclarecimento que a seguir muito gostosamente publicamos:
«Para conhecimento dos leitores do seu conceituado jornal pedimos o favor da publicação dos seguintes esclarecimentos relativos a particularidades da actividade do Cine-Clube da Beira (em organização) e das incipientes relações que foram estabelecidas com a comissão organizadora do Cine-Clube de Lourenço Marques.
1º É destituída de qualquer fundamento a notícia posta a circular, na imprensa, de que as sessões cinematográficas organizadas por este Cine-Clube, exclusivamente para os seus associados, tenham sido feitas com filmes emprestados e em salas emprestadas. Exclui-se desta regra uma curta-metragem obsequiosamente cedida pelos serviços de propaganda da SHELL, que incluímos no programa da nossa última sessão e documentários igualmente cedidos pelo Consulado Francês, que ainda não tivemos oportunidade de exibir.
Da mesma forma é falsa a informação também publicada, na qual se refere que este Cine-Clube tem estado a capitalizar o produto da cobrança de quotas ao longo dos 11 meses da sua existência. Foi graças a esse rendimento que se tornou possível a actividade desenvolvida pelo CCB, como de resto pode ser verificado por quem desejar consultar as contas deste seu primeiro ano de existência.
A título de curiosidade, informa-se que à data da primeira sessão, realizada em 4|2|956, tinha o CCB 48 associados.
Desconhece este Cine-Clube a intenção que orienta quem quer que seja quando presta informações que, como estas que desmentimos, falseiam ou deturpam a verdade.
2º Temos fortes razões para supor que a Comissão Organizadora do Cine-Clube de Lourenço Marques não está, efectivamente, interessada no estudo, em comum, dos problemas que afectam o movimento cineclubista em Moçambique. Ao nosso desejo de rever esses problemas dentro dum espírito de lealdade e frutuosa colaboração não foi dada qualquer satisfação. Apesar disso pode o Cine-Clube de Lourenço Marques contar, agora e sempre, com a lealdade e colaboração do CCB desde que não haja, em circunstâncias nenhumas, possibilidades de desvios da ética que caracteriza estas associações culturais, graças à qual o movimento se tem conseguido impor.
[...] A Comissão Organizadora do Cine-Clube da Beira.»
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 9 de Janeiro de 1957, p. 7]
Cine-Clube da Beira
Hoje, com início às 17.30 horas, o Cine Clube da Beira leva a efeito a sua habitual sessão de cinema, no «Palácio», sendo corrido o filme colorido «Pamposh», realizado por Erza Mir, que é também autor do argumento.
Antes da exibição do filme, como é costume haverá uma curta palestra por Fernando Couto.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 5 de Fevereiro de 1957, p. 5]
Exposição das actividades cineclubísticas
Entre os dias 5 e 13 de Fevereiro próximo, estará patente ao público da Beira no segundo piso do cinema «Nacional», uma exposição de actividades cineclubistas no nosso país.
Esta exposição, que se deve ao CCB, só foi possível realizar-se graças à excelente colaboração dos cine-clubes da Metrópole e de Angola, que, de boa vontade, se prontificaram a ceder os elementos e material necessário para a sua efectivação.
Nela poderá ser observada a excelente obra cultural já levada a efeito pelos cine-clubes e a enorme expansão que o movimento cineclubista está tendo no nosso país.
[DIÁRIO DE Moçambique, Beira, 21 de Abril de 1957, p. 17]
Cine-Clube da Beira
Pede-nos a direcção do Cine-Clube para tornarmos público que, por motivo de força maior, foi adiada a sua 16ª sessão para amanhã, segunda-feira.
Consta esta sessão do filme «A comédia e a vida», dum trecho musical de Ravel, dum documentário sobre a Itália dos nossos dias e duma palestra, que será proferida pelo engº Costa Ribeiro.
A 17ª sessão realiza-se, como foi anunciado, depois de amanhã, terça-feira, constando do filme «É preciso ter azar», dum trecho musical de Beethoven e duma palestra pela dra. Maria Aurélia Patrício.
O espectáculo de amanhã, realiza-se pelas 17.30 horas, no cinema S. Jorge, e o de terça-feira no cinema Nacional, pela mesma hora, sendo o primeiro para maiores de 13 anos e o segundo para maiores de 18.
O ingresso nestas sessões só será permitido mediante a apresentação do bilhete de identidade e da quota referente ao mês de Março.
(excertos do DM recolhidos pelo Dr Antonio Sopa)