02/04/07

Exposição de Sitoe "O Passado, o Presente e o Futuro", Dezembro de 2006

Conheci há muitos anos atrás, aqui na cidade da Beira, um simpático jovem, delicado, afável, bonitão e talentoso nas artes de pintura. Esse conhecimento com facilidade passou a uma forte amizade, face a um partilhar de inúmeras cumplicidades.
Ainda jovem viajou um pouco o mundo e rapidamente se tornou num dos poucos pintores de referencia desta nossa cidade.
Mais tarde teve de partir atrás dos seus sonhos e instalou-se na capital, em Maputo.
Mas sempre fui acompanhando a evolução, o crescimento daquele que sonhou “num sonho cheio de magia, qu
e era artista e se chamava Sitoe”.
As suas telas com as suas cores, as suas formas, o movimento, contam­-nos as suas magias, levam-nos
a um mundo de encantamento, um mundo que nos traz uma Arte (com A maiúsculo) cheia de calor e sensualidade.

Este amigo é um apaixonado pela mulher, mulheres cuja beleza o inspiram quase que como uma obsessão. Através delas os seus quadros transmitem-nos mensagens de amor, ternura, voluptuosidade.
Sendo um homem totalmente devotado à pintura e preocupado pelo desenvolvimento das artes não me admirei de saber que é actualmente um dinâmico dirigente do “Núcleo de Arte” de Moçambique. Também não me admirei que com o seu coração do tamanho deste país se tenha particularmente preocupado com a situação dos velhos artistas moçambicanos.

Como amante de arte que sou não posso deixar de vos contar como este amigo e artista me recorda um poeta brasileiro, já falecido embora imortal, “Vinicius de Morais”. Diferentes formas de arte mas uma forma idêntica de nos provocarem.
Assim do poema “Receita de Mulher” dedico-te os seguintes versos:
......... É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo.
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Sei também que nunca se esqueceu desta nossa cidade da Beira, onde amadureceu e transformou o seu talento em arte.
Por isso este amigo está hoje aqui connosco e traz-nos o passado, o presente e o futuro.
Benvindo a casa Silvério Salvador Sitoe.
(texto de Maria Pinto de Sá, Presidente da Casa do Artista)

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